O Mordomo na fazenda

Amigos e leitores
Nesta página, gostaria de compartilhar com vocês, algumas experiências que enfrento, fora do luxo e do glamour que estou tão acostumado a conviver.


18 de dezembro de 2010
NA FAZENDA
                       Tive a rica oportunidade de passar um fim de semana numa fazenda não muito longe de São Paulo. Aquela experiência me deixou a pensar em valores que antes passavam despercebidos por mim.
O primeiro deles foi a simplicidade que a família que me recebeu utilizou, para convivermos em união aqueles dois dias. A inteligência deles perante a Natureza me chamou a atenção o tempo integral, mas principalmente a maneira deles falarem, ultrapassou alguns limites. Percebi que eu era o único que falava em voz alta, e como era de se esperar, eu perguntei a eles porque eles falavam baixinho. Resposta:
- Aqui não tem nenhum barulho. Portanto a gente não necessita falar alto para que o outro escute.
Aquilo repercutiu na minha mente como um grande aprendizado. Realmente o barulho da cidade, acaba por nos "obrigar" a falar alto, para que possamos ser ouvidos. E assim, nos acostumamos a falar alto e nem percebemos. Quando não é necessário, continuamos a falar alto pelo costume.
                   Outro aprendizado me deixou ainda mais feliz. Os animais estavam todos com seus filhotes. Tinha uma porca com 6 porquinhos, galinha com muitos pintinhos, algumas vacas com seus bezerros, égua com seu poltrinho e também uma cadela com 4 cachorrinhos. Um fato curioso me chamou particularmente a atenção com a cadela. Fiquei "babando" com os filhotinhos e brinquei um pouco com eles. No dia seguinte, cadê os cachorros? Meu primeiro pensamento é que podia ter aparecido um predador à noite e "jantado" os filhotinhos. Assustado, perguntei ao chefe da família:
- O que aconteceu com os filhotes da cadela? Ele estavam ali ontem e sumiram.
- Foi o instinto materno que escondeu eles em outro lugar, para proteger de você. - disse confiante.
- Como assim? - perguntei curioso.
- Você não brincou com eles ontem?
- Brinquei, mas eu não ia levar nenhum deles embora comigo. - justifiquei.
- Mas a mãe deles não sabe disso. Ela percebeu que você gostou dos filhotes, e pra você não tirar nenhum dela, instintivamente ela trocou eles de lugar.
- Ela já tinha feito isso antes por causa de vocês? - ainda estava curioso e admirado com a "inteligência" animal.
- Claro que não. - respondeu a mãe da família rindo, vendo a minha "ignorância". 
- Por que, claro que não? - eu ainda não tinha percebido que o bicho do mato ali era eu.
- Porque a gente não vai lá brincar com os filhotes dela. - depois encontramos onde ela havia escondido os cachorrinhos. Só que dessa vez, por respeito à Natureza, não cheguei nem perto. Aprendi, né?

                          Fiquei refletindo sobre esse simples acontecimento e com a mente elevada, procurei colocar essa experiência ao nível espiritual. Se uma cadela tem essa preocupação e carinho com seus filhos, me peguei pensando qual a dimensão que Deus como meu Pai e Criador tem por nós? Aquele ser irracional, por instinto protegeu seus filhos, de uma possível separação. Já Deus na Sua inteligência e bondade suprema, o que será que Ele faz efetivamente para me defender, como seu filho, dos perigos em que sou envolvido o tempo todo, todos os dias da minha vida? Sei que sou desobediente e teimoso, algumas vezes arrogante e prepotente. Se Deus não cuidasse de mim do jeito difícil que eu sou, como será que eu estaria? 

É! Algumas vezes é melhor Deus não me dar tudo que peço. Provavelmente não saberia usar, caso recebesse o que minha vaidade busca. 

Conclusão: Está tudo certo. Está tudo no seu devido lugar.

FELIZ NATAL A TODOS - Outro mini-conto em breve.

Um comentário:

  1. qQuerido Mordomo, eu nem sei oque dizer... essas postagens me levaram ao céus..literalmente. Tanta sensibilidade de sua parte e logo com ELES!!! Minhas paixões , incondicional.. Eu ,simplesmente amei!!! Parabéns por ter essa visão tão sutil com nosso amiguinhos...

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